Fiesp defende participação do setor privado na geração nuclear

November 24, 2010 | Categoria: Energy

CNEN e Eletronuclear veem entrada desses agentes com reservas.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo defendeu nesta terça-feira, 23 de novembro, a entrada de agentes privados na expansão do parque nuclear brasileiro. Nos últimos 25 anos, o Brasil construiu duas usinas e está implantando a terceira unidade. Para Carlos Antonio Cavalcanti, diretor do Departamento de Infraestrutura e Energia da Fiesp, o país precisa de um programa de construção de novas usinas, com regularidade, para desenvolver a cadeia produtiva.
Mas a proposta não tem apoio de setores do governo. A Comissão Nacional de Energia Nuclear acredita que ainda é cedo para a entrada de atores privados, principalmente estrangeiros. A Eletronuclear, por sua vez, salienta que, pela Constituição Federal, a participação pode acontecer, mas apenas minoritária.
Cavalcanti disse que o país está "ficando para trás" no mundo. A perspectiva para os próximos 20 anos é da construção de mais quatro usinas, a princípio nas regiões Nordeste e Sudeste, enquanto na Coreia do Sul, a expectativa é de construir mais seis unidades no mesmo período.
"Deve-se fazer como no setor elétrico, nas outras fontes; tem total abertura do setor privado para participar dos leilões de energia. Não se pode depender das vicissitudes do governo e dos recursos do Tesouro", afirmou o executivo da Fiesp. Ele descartou a participação privada no ciclo do combustível nuclear, que classificou como "controlável internacionalmente".
O combustível nuclear serve para várias funções, entre elas a geração de energia nuclear. Não estamos falando em participar do ciclo do combustível nuclear. O ciclo é estratégico e de guarda militar e precisa continuar dessa forma", afirmou em entrevista após participar do 1° Encontro de Negócios em Energia Nuclear, promovido pela Fiesp em São Paulo.
Odair Gonçalves, presidente da CNEN, porém, disse que a participação provada, no momento, não é oportuna porque a indústria nacional não está capacitada. "Não somos favoráveis, porque achamos que a empresa nacional não está capacitada para competir nesse momento e temos o receio que isso propicie um domínio muito grande de empresas estrangeiras. É uma área muito sensível e muitos países não gostariam de ver o país avançando", ponderou Odair.
Já o assessor da Presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, salientou que não há restrição legal para participação privada para a geração de energia elétrica por fonte nuclear, desde que seja de forma minoritária. "Tem que haver o controle do governo. Não existe monopólio para a geraçãode energia elétrica", salientou. Ele disse que a participação privada abriria uma nova fonte de financiamento para os projetos previstos para os próximos anos (CanalEnergia, 23/11/10)