Renováveis dão grande contribuição ao sistema em períodos de hidrologia desfavorável

May 06, 2014 | Categoria: Energy

Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia, Planejamento e Expansão 

Apesar de não serem consideradas geração de base, como as hidrelétricas e as termelétricas, as fontes renováveis -  eólica, biomassa, solar e PCHs -, são importantes para a otimização da operação do sistema e contribuem em períodos de hidrologia desfavorável, como o atual. Élbia Melo, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, conta que a fonte é complementar às hidrelétricas uma vez que os menores índices pluviométricos no Brasil ocorrem no período do ano quando os melhores ventos são observados, contribuindo, assim, na preservação de água nos reservatórios.

"Em 2012, no submercado Nordeste, a fonte eólica foi responsável por um aumento do nível de armazenamento dos reservatórios de 1,22%. Em 2013, no Sul, os parques eólicos foram responsáveis por poupar em 4,6% o nível dos reservatórios e, no Nordeste, em 0,2%. Os percentuais parecem pouco representativos, porém, ao considerar que, por enquanto, a fonte eólica contribui com somente 3% da capacidade de geração na matriz, esse índice se torna bem mais atrativo", comentou Élbia.

Leonardo Calabró, vice presidente executivo da Cogen, também ressalta a importância da solar e da biomassa em períodos como o que o país está vivenciando atualmente. Ele diz que os empreendimentos de energia solar podem ser instalados em curto espaço de tempo quando comparado com outras fontes, contribuindo rapidamente para o balanço energético do sistema interligado e para diminuir a necessidade de despacho de usinas térmicas com custo elevado. "A cogeração a biomassa também pode contribuir muito para a otimização da operação do sistema, considerando que o período de geração coincide com a estação seca", apontou.

Já as PCHs, apesar de também serem impactadas pela hidrologia e terem reservatórios pequenos, o fato de estarem localizadas em diferentes regiões do país faz com que sua geração média anual seja relativamente estável. Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, diz que existem atualmente 462 PCHs em operação no país que representam 3,62% da matriz elétrica brasileira. "Estes empreendimentos estão espalhados por todo o território nacional e assim, localizados em diversas bacias hidrográficas", comentou.

A expectativa de contratação de fontes renováveis nos próximos anos também é positiva. Lenzi conta que existem hoje 173 PCHs outorgadas, mas que ainda não iniciaram a construção, representando 2.254 MW de capacidade instalada. Em termos de projetos básicos existem 669 projetos em fase de análise e aprovação na Aneel e aguardando licenciamento ambiental, que somam 7.139 MW. "Em vista das atuais circunstâncias, da sinalização de que é preciso diversificar nossa matriz elétrica, de forma a buscar além da modicidade tarifária, a segurança e a confiabilidade de suprimento, acredito que nos próximos cinco anos voltaremos a ser considerados como uma fonte importante na expansão da nossa matriz e estimo um volume de contratação importante de nova capacidade instalada", apontou Lenzi.

No caso das eólicas, a ABEEólica calcula que até 2018 estarão instalados 13.814 MW da fonte. Élbia salienta que a eólica está escalada para participar de todos os certames neste ano, e a expectativa é que, assim como em 2013, a fonte tenha um excelente desempenho em todos os leilões a serem realizados em 2014. "Espera-se que esse ano haja novamente um contratação de mais de 2 GW. Para o A-3 já foram disponibilizadas as quantias de potência habilitadas e mais uma vez a eólica é lider", frisou.

Para este ano também existe a expectativa de contratação da fonte solar, inserida no leilão de Reserva que deverá ocorrer no segundo semestre do ano. Como um produto separado, a fonte tem chances de ser viabilizada no certame. "Os preços tetos serão diferenciados por fonte e para a energia solar deverá ser estabelecido um valor entre R$ 200/MWh e R$ 210/MWh", analisou Calabró, da Cogen. Para a cogeração o cenário já não é tão otimista. O executivo afirma que o desenvolvimento da cogeração entre 2014 e 2019 dependerá muito das ações do governo. "A Cogen apresentou ao longo de 2013 propostas de ajustes regulatórios necessários para fomentar a geração distribuída, em especial a cogeração a gás e a cogeração a biomassa", declarou.

 

Os desafios para o desenvolvimento das fontes renováveis nos próximos cinco anos serão debatidos no Enase 2014, que acontecerá nos dias 6 e 7 de maio, no Rio de Janeiro. O evento é promovido peloGrupo CanalEnergia em parceria com 17 associações do setor elétrico.