Moodys: Racionamento de 20% pode gerar custo extra de R$ 28,7 bi para geradores em 1 ano

April 25, 2014 | Categoria: Energy

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Negócios e Empresas 

Um corte de 20% no consumo por um período de um ano poderia ter um alto custo para geradores e consumidores, segundo relatório divulgado pela agência de classificação de risco Moody's nesta quinta-feira, 24 de abril. De acordo com a agência, o custo dos geradores seria de R$ 28,7 bilhões em decorrência da exposição no Mecanismo de Realocação de Energia. Isso porque a diferença entre a produção de energia e os contratos chegaria a 9,6%, com as usinas operando com um fator de capacidade de 90,4%.

"O racionamento de energia teria um impacto negativo sobre as empresas de geração hidrelétrica não apenas por vendas mais baixas", disse Alexandre de Almeida Leite, Vice Presidente e analista sênior, coautor do documento. "As empresas também seriam forçadas a comprar energia no mercado à vista, que tem preço mais elevado, para fazer frente à diferença entre a geração atual e a energia assegurada a cada um pelo regulador".

No cálculo da Moody's, as empresas seriam obrigadas a gastar R$ 16,3 bilhões para adquirir 3.713 MW para cobrir a diferença entre garantia física. Além disso, haveria um gasto extra de R$ 12,4 bilhões com uma exposição incremental no MRE, de 2.822 MW. Os cálculos levam em conta o PLD médio de R$ 500 por MWh no período.

No caso das distribuidoras, as empresas precisariam de um aumento de 10,2% nas tarifas repassadas aos consumidores para recuperar o equilíbrio econômico-financeiro das concessões. A Moody's realizou cenários com níveis diferentes de racionamento e por períodos de um ano ou sete meses. Para a agência, um racionamento está se tornando mais provável, colocando a qualidade de crédito das empresas de energia elétrica em risco.

Mas, segundo a agência, mesmo que não haja um racionamento as empresas geradoras poderiam sofrer, dependendo das estruturas dos contratos e da necessidade de acesso ao mercado de curto prazo.

 

"Além disso, a qualidade de crédito das empresas de distribuição de energia elétrica também se enfraqueceria se o governo federal falhar em cobrir os custos de forma adequada em relação à aquisição de eletricidade de origem térmica e exposição involuntária ao mercado à vista", disse José Soares, vice-presidente e analista sênior da Moody's, um dos autores do texto.