Setor elétrico continuará pressionado na bolsa de valores, diz HSBC

April 10, 2014 | Categoria: Energy

Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Investimentos e Finanças 

A perspectiva para o setor elétrico este ano é incerta na avaliação dos analistas do banco HSBC. Em um relatório publicado com a data de terça-feira, 8 de abril, a instituição diz que o desempenho das empresas do setor no mercado de capitais deve piorar mais antes de melhorar. Com base nos dados apresentados pelo governo e ONS, o documento aponta que a probabilidade de racionamento de energia generalizado aumenta em 2015 de forma significativa, mas que esse fator será mais claro apenas ao final do ano.

Em função dessa possibilidade, o relatório trouxe uma análise do impacto que um racionamento teria sobre algumas das empresas com papeis listados na bolsa de valores.

No caso da Light o cenário poderia pressionar o valor da ação. As análises do banco apontam para cenários cujo preço alcançaria R$ 14 por ação ante uma avaliação de R$ 20,50. Contudo, sem racionamento o valor da ação da concessionária carioca apresenta potencial de chegar a R$ 27. Essa situação, diz o documento, tem como base a melhoria operacional que a companhia vem apresentando em relação a perdas e elevação de investimentos.

Já sobre a EDP Energias do Brasil, o cenário de racionamento tem ao seu lado o fato de que a China Three Gorges pode exigir que a companhia que atua no Brasil reduza sua taxa mínima de retorno do investimento. O banco lembra que como em outras empresas integradas no país, a maior parte do valor patrimonial reside em seus segmentos de geração e comercialização.

Dentre as companhias que o HSBC cobre, a Tractebel é a que menos seria afetada por um cenário de racionamento. A base da análise está no fato de que a geradora tem ainda 96 MW de capacidade descontratada e que poderia compensar, em parte, sua obrigação de 5% do GSF. Além disso, o preço spot alto tenderá a direcionar o preço da energia no mercado livre, um mercado onde a empresa do grupo GDF Suez possui forte participação.

Outra geradora, a Cesp, está em situação mais complexa em função da não aceitação da renovação de suas concessões de acordo com a lei 12.783. A falta de investimentos em crescimento e a data final de sua última concessão, 2028, acaba por balizar a análise do banco como abaixo da performance do mercado mais do que os impactos de um racionamento.

Em geral, o banco diz que o racionamento não deverá se viabilizar antes das eleições, em outubro, conforme os agentes do setor elétrico já vêm afirmando. Uma das soluções é a negociação para a redução da demanda com grandes consumidores de energia, notadamente no setor industrial. No cardápio estão ainda a ocorrência de apagões ou semi-apagões.

 

Um dos destaques positivos que o banco vê para o setor elétrico é o pacote de ajuda às distribuidoras. Em sua análise, diz que a estrutura de empréstimo para a CCEE é robusta e há uma boa possibilidade de ajudar o setor, ainda mais com o fato de excluir o desembolso total do valor pelo Tesouro Nacional.