Atividade do mercado de lançamentos de imóveis em SP é a mais fraca desde 2006

April 08, 2014 | Categoria: Engineering

O ano para o mercado paulistano de lançamentos parece ter mesmo começado só depois do carnaval. Fevereiro teve um resultado considerado fraco até por representantes do setor. Foram colocadas à venda 940 unidades no mês, queda de 48,24% frente ao mesmo período de 2013, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp).

O desempenho de fevereiro dá prosseguimento ao recuo no ritmo de lançamentos apurado em janeiro, quando apenas 413 imóveis na planta foram colocados em comercialização – o pior resultado para o mês desde 2009. Dessa vez, o número de unidades lançadas é o menor, para a época, desde 2007.

No resultado acumulado, o início de 2014 decepciona ainda mais. As 1.353 unidades lançadas representam pouco mais da metade da quantidade dos produtos ofertados no mercado no mesmo período de 2013, quando 2.476 imóveis estavam à disposição dos compradores. Nos últimos dez anos, somente 2006 teve menos unidades nos seus dois primeiros meses.

“Fevereiro foi um mês realmente fraco, mas não diria que é um fator para preocupação. Pelo que pudemos sentir, o número de lançamentos já aumentou em março”, diz o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes. “E temos muitos projetos em aprovação. Só não sei dizer em que meses eles serão lançados.”

Muitos empreendedores se apressaram para aprovar projetos, segundo Bernardes, para garantir que os edifícios em questão fossem enquadrados na regra do atual Plano Diretor Estratégico da cidade. Desde o segundo semestre do ano passado, a Prefeitura discute uma renovação da legislação, que deve alterar substancialmente as possibilidades construtivas no município. O texto substitutivo do plano está, aliás, sendo discutido desde sábado (5 de abril) em uma audiência pública.

O professor Ricardo Rocha Leal, do curso de pós-graduação em negócios imobiliários da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), vê o carnaval tardio, em 4 de março, como o vilão para o desempenho tímido dos dois primeiros meses de 2014. “Apesar de haver só quatro dias de festa, ele causa uma paralisação de dois fins de semana para o mercado imobiliário. Com o carnaval em março, se a empresa lança em fevereiro, ela corre o risco de perder o ritmo do lançamento”, explica. Até a comercialização, as incorporadoras realizam um período de promoção dos produtos para atiçar o desejo dos clientes – o chamado pirata.

Rocha Leal também atribui a baixa atividade ao excesso de lançamentos no fim do ano passado. Juntos, novembro e dezembro concentraram 27,17% do total de imóveis lançados em São Paulo em 2013. “Houve muitas vendas no início do ano desses empreendimentos colocados no mercado em 2013, e muita gente pensou: ‘Por que vou lançar agora?’. As vendas na capital cresceram 21,5% em janeiro ante o mesmo mês do no passado, segundo o Secovi-SP.

O professor acredita que os meses de abril e maio, no primeiro semestre, e agosto, setembro e novembro, no segundo, serão janelas de oportunidades das incorporadoras em 2014, com Copa do Mundo e eleições. “Temos um otimismo moderado. Vejo estabilidade de lançamentos e vendas”, diz – essa também é a aposta do Secovi-SP.

Mais cético está o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. Para ele, depois de as empresas terem enfrentado dificuldades para lançar produtos em 2012, o que inflou a oferta no primeiro semestre do ano seguinte, a situação do mercado deve se esclarecer em 2014. “Este ano será o fiel da balança. Acho que fevereiro começa a mostrar o que vem por aí.”

Do O Estado de S. Paulo.