Abradee: solução deve passar por mais repasse do Tesouro e aumento da tarifa

March 11, 2014 | Categoria: Energy

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia, Negócios e Empresas 

Depois de terem recebido o socorro do Tesouro para a liquidação de janeiro do Mercado de Curto Prazo, que acontece esta semana, as distribuidoras esperam para até o início de abril uma solução definitiva e estruturante para as despesas extras do ano, que tem pressionado o caixa. Isso porque a expectativa é de que a exposição de fevereiro seja, pelo menos o dobro, da verificada em janeiro de R$ 2 bilhões. Ou seja, a conta pode chegar aos R$ 4 bilhões na liquidação do MCP a ser realizada em abril.

Mas essa solução definitiva esperada deve contemplar tanto repasses do Tesouro como aumento da tarifa. Já que é fato que o governo não pode abrir mão do superávit primário previsto para este ano, ao mesmo tempo que não pode dar um aumento muito alto na tarifa, que pode impactar os índices de inflação. E insatisfazer milhões de consumidores às vésperas das eleições. "O caminho é buscar o equilíbrio para esses dois caminhos, de saber o que vai para a tarifa e o que vai para o Tesouro", frisou Nelson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica, àAgência CanalEnergia.

No caso do repasse para tarifa, as distribuidoras poderão recorrer à revisão tarifária extraordinária, principalmente, as quem tem reajuste ou revisão no fim do ano. "Cada distribuidora tem que fazer a conta para saber se tem como carregar isso até o evento tarifário anual", disse o executivo.

Leite disse que a fórmula a ser apresentada pelo governo deve levar em conta não só a exposição involuntária, mas também o custo das térmicas e a diferença de preço relativa ao leilão A-1, realizado no fim do ano passado. Nesse ponto, as distribuidoras estão pagando pela energia comprada no certame a ser entregue em 2014 R$ 177 por MWh, mas estão repassando na tarifa, R$ 110/MWh. Só essa conta chega a R$ 1,5 bilhão este ano.

"A questão é que a distribuidora tem que carrega esse valor até o momento do reajuste, o que algumas tem dificuldade", avaliou o executivo. Ele considerou o decreto 8.203, que repassou R$ 1,195 bilhão, via Conta de Desenvolvimento Energético, uma solução positiva, mas, ponderou, que foi parcial. "No nosso ponto de vista foi uma medida que resolveu de forma parcial os impactos dos custos adicionais de compra de energia pelas distribuidoras, garantindo a adimplência setorial", reconhecendo que foi evitada uma possível crise de inadimplência.

Para a liquidação de janeiro, as empresa tiveram que desembolsar R$ 811,5 milhões para completar todo o valor de pouco mais de R$ 2 bilhões referente a exposição no MCP, como mostrou a Agência CanalEnergia. Por isso, as empresas esperam uma solução que realmente resolva todo o problema para o ano. Pois, se em janeiro, o Preço de Liquidação das Diferenças médio usado foi de R$ 380/MWh, na de fevereiro, será de R$ 822,83/MWh. "Nós acreditamos que até o início de abril será desenhada uma solução de forma estrutural para evitar que se tenha uma solução em cima da hora para resolver a situação", afirmou Leite.