Em caso de racionamento, setor precisa pensar em medidas de longo prazo

February 27, 2014 | Categoria: Energy

Por Natália Bezutti

Com a possibilidade de o setor de energia enfrentar um período de racionamento, entre os cenários mais ou menos alarmistas, a teleconferência da AES Eletropaulo com os acionistas também abordou o assunto. Questionado sobre a questão, o presidente da empresa, Britaldo Soares, avaliou que se isso realmente se concretizar, ações de longo prazo para um reequilíbrio do setor deverão ser estabelecidas.

Referindo-se às medidas adotadas nos últimos anos, para reparar problemas às concessionárias de geração e distribuição, o presidente declarou que “o setor já teve muito movimento, e o preço está sendo pago agora”.

Por isso, Britaldo avalia que está na hora de buscar um equilíbrio maior para o setor, pois de nada adiantaria uma solução matemática, que iria impor perdas e ganhos a todos. Dessa forma, entende que uma decisão estrutural para o planejamento da matriz energética, em soma aos eventos climáticos mais extremos, é a mais correta.

“Se voltarmos ao cenário de 2001, em um evento extremo, o setor vai ter que sentar à mesa e buscar o reequilíbrio com o governo, Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se esse cenário se materializar, obviamente é difícil enxergar algum agente saindo ileso de um evento dessa natureza, em semelhança do que vimos no passado. Os impactos se propagariam em toda a cadeia”, explicou o presidente.

A distribuidora tem observado, e aguarda o cenário de março e abril. No entanto, entende que uma experiência em relação ao que ocorreu em 2001, foi o aumento da segurança energética com maior disponibilidade térmica.

Hoje, com o despacho térmico entre 14GW e 16GW, e os preços da energia atingindo o limite no mercado de curto prazo, Soares ponderou que qualquer ação que resolva apenas a questão conjuntural de baixar os preços, é de curto prazo, e poderá trazer novos problemas futuramente, a respeito da baixa hidrologia apontada nos últimos dois anos.

“Devemos dar uma parada com a sequência de baixa hidrologia em 2013 e 2014 para reestruturar a questão do sistema, porque se não resolvemos o problema agora, e isso se repetir, depois (a medida) pode não ser suficiente. Podemos trabalhar no preço médio ponderado agora, mas quem vai pagar a conta das térmicas mais caras e como vamos equilibrar o sistema como um todo? Precisamos tomar cuidado para não tomar uma ação de artificialidade de curto prazo”, declarou Britaldo.