Atrasos na construção de usinas agravam situação do setor elétrico, aponta Apine

February 10, 2014 | Categoria: Energy

Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia, Operação e Manutenção 

Os atrasos na construção de empreendimentos de geração, a exemplo das usinas de Santo Antônio (RO, 3.350 MW) e Jirau (3.750 MW), no Rio Madeira, agravam a situação do setor elétrico, na opinião do presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, Luiz Fernando Vianna. O atraso nesses projetos, segundo ele, é causado por diversos motivos, como dificuldades no licenciamento ambiental, invasões a canteiros de obras e liminares obtidas na Justiça pelo Ministério Público ou ONGs.

Não apenas os projetos de geração estão atrasados, mas também os de transmissão. Diversas usinas eólicas, principalmente no Nordeste do país, estão paradas por falta de linhas de transmissão. Esses fatores, associados ao baixo nível de armazenamento dos reservatórios e à escassez de chuvas levaram o Preço de Liquidação de Diferenças a atingir seu patamar máximo, de R$ 822,83/MWh pela segunda semana consecutiva no Sudeste/Centro-Oeste e no Sul. No Norte e Nordeste o preço deu uma reduzida e chegou a ficar no Norte em R$ 152,08/MWh na carga leve para a semana de 8 a 14 de fevereiro.

"O armazenamento global do Sistema Interligado Nacional encontra-se próximo aos 43% e se caracteriza como o terceiro pior nível desde o racionamento", comentou Vianna. A Energia Natural Afluente, que é a quantidade de água que chega nos reservatórios, totalizou em janeiro de 2014, segundo o executivo, para o submercado Sudeste/Centro-Oeste, apenas 54% da Média de Longo Termo, se caracterizando como a terceira pior de um histórico de 84 anos. Esse submercado é responsável por 70% do armazenamento total do SIN. No submercado Nordeste, responsável por aproximadamente 18% do armazenamento global do sistema, a ENA também ficou abaixo da média, em 77% da MLT.

"Adicionalmente, a previsão de ENA para o mês de fevereiro indica 54% da MLT para o Sudeste, o que corresponde ao 5º pior cenário do histórico para este mês e 38% para o Nordeste, o que seria o 4º pior cenário", disse Vianna à Agência CanalEnergia. Soma-se a isso o fato de que a carga em janeiro desse ano ter apresentado um crescimento de 11,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Recordes de carga estão sendo batidos dia após dia seja no SIN, seja nas regiões individualmente.

Vianna explica que a conjuntura atual exige geração termelétrica maximizada, atualmente em torno de 15.100 MW médios, colocando em operação usinas termelétricas com custos superiores a R$ 500/MWh. Nessa semana, o Custo Marginal de Operação já superou os R$ 1.600/MWh. "As termelétricas com custos de operação inferiores a R$ 150/MWh representam aproximadamente metade da atual necessidade do sistema", apontou. A situação, lembrou Vianna, ainda complica financeiramente as distribuidoras, que estão comprando energia no curto prazo, devido a exposição involuntária em torno de 3,5 GW médios. "A Apine está confiante que o governo irá encontrar uma saída para as distribuidoras, de modo a preservar o fluxo de pagamento ao longo da cadeia entre a produção e o consumo", frisou.