Tendências contraditórias no segmento imobiliário

February 07, 2014 | Categoria: Engineering

Enquanto os construtores paulistas abrigados no sindicato da habitação (Secovi) comemoram os resultados de 2013, pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostram que o ano foi de aperto maior que o esperado. Não há contradição entre comemoração e pesquisas, mas ficam expostas as diferenças dentro do setor da construção, conforme a área de atuação das empresas e a localização dos empreendimentos.

A Sondagem Indústria da Construção distribuída pela CNI revela que, em dezembro, houve queda da atividade, tanto em relação a novembro como em relação à atividade usual. Nos dois casos, o indicador acusou 44,5 pontos, bem abaixo dos 50 pontos que marcam o corte entre o ritmo positivo e o ritmo negativo de atividade.

O uso de capacidade caiu no trimestre passado de 71%, em outubro, para 69%, em dezembro. Houve retração no número de empregados e o acesso ao crédito foi considerado difícil pela maioria dos entrevistados - de pequeno, de médio e de grande portes que atuam na construção de edifícios, infraestrutura e serviços especiais. A rigor, a oferta de crédito habitacional cresceu muito, permitindo supor que as empresas só enfrentaram crédito mais escasso - e caro - fora do sistema habitacional.

As melhores indicações são de que a situação financeira das empresas é considerada boa e elas esperam mais demanda, mais empreendimentos e mais serviços em 2014.

Já a Sondagem da Construção da FGV revelou que a confiança caiu tanto no trimestre outubro/dezembro de 2013 como no trimestre novembro de 2013/janeiro de 2014, com quedas de 3,9% em relação aos 12 meses anteriores. O Índice de Situação Atual caiu menos, nos dois períodos (6,4% e 4,4%, respectivamente, o que indica leve melhora), enquanto o Índice de Expectativas piorou, passando de -1,6% para -3,4%. Cabe ressalvar que os três índices continuam acima da média, ou seja, a maioria das empresas acredita em melhora e não há recessão, apenas ritmo de atividade e expectativas inferiores a um ano atrás.

As tendências no âmbito do segmento imobiliário são diversas. As expectativas para a área residencial parecem melhores que as da construção comercial ou pesada, mesmo em ano eleitoral, quando os governos gastam mais com infraestrutura. Mais difícil é saber o impacto da inflação e dos juros altos sobre a construção. É o que determinará o comportamento do setor neste ano.

Da Redação, original O Estado de S. Paulo.