Fabricantes de equipamentos solares poderão produzir em 2015 no Brasil

January 14, 2014 | Categoria: Energy

Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Negócios e Empresas 

O leilão de energia solar realizado pelo governo de Pernambuco tem atraído a atenção de fabricantes de equipamentos. Tanto que já há a perspectiva de que o país possa ter uma nova onda de instalação de empresas por aqui. Os fabricantes ainda não são conhecidos, mas há negociações com empresas da China, Coréia do Sul, Alemanha, Estados Unidos e Espanha. A expectativa do governo pernambucano é de assinar memorandos de entendimentos com essas fabricantes ainda este ano para que o país tenha equipamentos nacionais em 2015.

De acordo com o secretário executivo de energia do estado, Eduardo Azevedo, as minutas dos memorandos estão redigidas, esperando apenas a definição de como se dará a chegada dos investimentos naquele estado. A dúvida, disse ele, está na forma como a cadeia de produção de equipamentos para a geração solar se dará.

"O plano é ter a definição das empresas em 2014 e em 2015 começar a produção", revelou ele à Agência CanalEnergia. "Com a demanda atual ainda não justifica termos o beneficiamento do silício por aqui, então vamos começar pela integração dos paineis e retroagir com o tempo até a realização de toda a cadeia do setor, mas esse planejamento ainda está sendo desenvolvido", acrescentou.

A ideia de ter um polo de desenvolvimento solar no estado é bem vista, assim como já existe o automotivo e o eólico. Contudo, em função das características dos equipamentos e sua facilidade de transporte, o executivo reconhece que é mais difícil de se constituir esse polo. Para que isso se configure, estimou, é preciso que uma empresa de grande porte se instale no estado para que possa atrair outras empresas para fornecer os insumos e serviços para este tipo de segmento.

A atração de fabricantes é apontada por empreendedores. A Kroma Energia, cuja sede fica em Recife e negociou uma planta de 29,25 MW de capacidade, afirma que mantém conversas com empresas asiáticas e europeias. De acordo como diretor presidente da companhia, Rodrigo Mello, depois do leilão começaram as consultas e ofertas de fornecedores para a venda e até mesmo de parcerias em uma fábrica local.

"Estamos estudando, escutando investidores e fabricantes não somente de painéis, bem como de inversores também", revelou o executivo que ressaltou que a decisão ainda não foi tomada, mas que o leilão, definitivamente, atraiu os olhares para a região. "Tem empresas de tudo quanto é país como Alemanha, China, Itália", acrescentou.

Enquanto o nome das empresas não é revelado, pelo menos uma empresa chinesa já revelou a intenção de aportar por aqui. A chinesa ZN Shine afirmou que a intenção da companhia é de estabelecer no curto prazo uma representação comercial no país. A companhia não revelou quando e por onde se dará essa chegada no Brasil.

"A ZN Shine está bastante interessada no mercado brasileiro e está trabalhando para estabelecer sua presença no país a começar por um escritório comercial", afirmou a gerente de marketing da empresa na Alemanha, Daniela Moreale. "Contudo, investimentos em uma linha de produção local não está planejada para o curto prazo", completou.

O problema parece estar no volume da demanda. De acordo com o presidente da Brasil Solair, Nelson da Silveira, apesar de o volume de energia negociada em Pernambuco ser muito alto para o padrão Brasil, em comparação com o andamento da fonte no mundo, 122 MW é algo bem pequeno. Segundo ele, apesar dessa iniciativa ser boa para o segmento, a atratividade do mercado brasileiro ser dará efetivamente quando a solar fizer parte da matriz energética nacional. Isso significa, participar dos leilões de energia realizados pela Aneel. Ele explica que as iniciativas que começam a ser tomadas por estados (notadamente Pernambuco e mais recentemente São Paulo, conforme revelou reportagem da Agência CanalEnergia) esbarram no quanto os governos desses estados estão dispostos a abrir mão de arrecadação.

A Brasil Solair, disse ele, vai continuar apostando na microgeração distribuída. A fábrica que a empresa está construindo em João Pessoa (PB) está quase pronta para ser inaugurada. Houve uma postergação para a inauguração da planta que terá capacidade de produzir 30 MW em painéis solares ao ano e que pode ser ampliada até 60 MW. De acordo com o executivo, a inauguração deverá ocorrer até o final do mês, a produção deverá alcançar 15 MW em capacidade instalada de paineis fotovoltaicos em 2014 e operar a plena capacidade no ano que vem.