Rio Grande do Sul negocia instalação de fábricas de naceles e pás

November 27, 2013 | Categoria: Energy

O Rio Grande do Sul negocia a instalação de fábricas de naceles e pás, para suprir os dois principais gargalos da cadeia produtiva eólica no estado. A expectativa do diretor de Infraestrutura e Energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marco Franceschi, é que os nomes dos fabricantes sejam anunciados nos próximos meses. O investimento em potencial não foi revelado.

Segundo Franceschi, o custo de transporte desses equipamentos dos atuais polos produtores, localizados no Nordeste e no Sudeste, torna os aerogeradores e pás instalados em parques gaúchos cerca de 10% mais caros. "Se colocarmos o mapa do Brasil na Europa, é como se o Nordeste estivesse em Madri e o Rio Grande do Sul em Moscou. As distâncias são muito longas", disse. O estado já conta conta com cinco fábricas instaladas - Alstom, Intecnial, Wobben, Engebasa e Impsa (em fase de implantação), que - com exceção da última - fabricam torres.

"Estamos com conversas bem adiantadas com empresas da China, América do Norte e Europa. Nossa ideia é anunciar esses investimentos nos próximos meses" afirmou o diretor, explicando que nesse grupo que pode se instalar no estado estão algumas empresas que ainda não possuem atuação no mercado brasileiro.

As futuras fábricas, explicou ele, deverão ser distribuídas nas regiões Sudoeste e Sul, sendo que nesta última existe um plano para instalar um polo de pesquisa e desenvolvimento eólico, que deverá estar localizado em Rio Grande ou em Pelotas."Já estamos conversando com a Eletrosul e com as universidades federais da região", disse.

A instalação traria mais competitividade ao setor eólico do Rio Grande do Sul, em um momento em que o estado já apresenta boas vantagens com relação a outros grandes produtores de vento, como Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará. O estado já possui os sistemas de conexão para escoamento de energia eólica (as chamadas ICGs). Para Elbia Mello, presidente da Abeeólica, esse diferencial deverá fazer com que o estado continue se destacando nos próximos certames de energia nova, especialmente os do tipo A-3, com início de suprimento em três anos. No último leilão do gênero, realizado em 18 de novembro, cerca de 37% da capacidade licitada será instalada em terras gaúchas.

Além da vantagem temporal, trazida pelas conexões, Elbia Mello destaca ainda a posição estratégica para exportação aos países do Mercosul.

Atlas eólico
O Rio Grande do Sul deverá lançar em meados de 2014 a versão atualizada de seu atlas eólico. Dados de 2001, data do lançamento do documento original, estimavam um potencial de 100 GW com torres de 100 metros. Na ocasião, a projeção foi realizada com base nas medições com torres de 50 metros, mas já estão disponíveis no mercado equipamentos de até 120 metros.

 *Maria Domingues está em Porto Alegre a convite da Renex South America