Política energética estável e confiável atrai investimentos em energia limpa

November 26, 2013 | Categoria: Energy

Jornal da Energia

Os mercados emergentes estão se tornando cada vez mais atraentes para os investidores em energia renovável. De acordo com a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (25/11) pela EY, esses mercados estão em ascensão devido os ambientes de políticas energéticas estáveis e confiáveis. Enquanto que países como o Brasil e a África do Sul tem sido alvo dos investimentos, países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Polônia estão vendo seus projetos abandonados e as saídas dos investidores devido às intervenções políticas.

“Ao olhar para os mercados de uma perspectiva de investimento, nós estamos vendo uma lacuna em desenvolvimento em termos de atratividade. De um lado temos os países que estão revendo suas políticas energéticas, o que está levando a incerteza nos mercados. Já do outro lado, temos países que estão atraindo investidores pela implantação em larga escala (de energia renovável) e eliminação de barreiras, conforme vemos em mercados emergentes como o Brasil e a África do Sul”, explicou o diretor Global de Tecnologia Limpa da EY, Gil Forer.

Apesar de não estarem entre as dez primeiras posições do último Recai – ranking trimestral que classifica os países sobre a atratividade de seus investimentos em energia e implantação de fontes renováveis, com base numa série de indicadores do mercado de energia e de tecnologia específica –, os países da América do Sul continuam expandindo a sua presença no setor de energias renováveis .

No Brasil, só em 2013 já entraram em operação 3GW de capacidade instalada em energia renovável, e quase 40 GW de projetos se inscreveram para os leilões de novembro e dezembro. Outro destaque é o Chile, que continua a atrair projetos de grande escala , incluindo o maior sistema fotovoltaico não subsidiado do mundo, enquanto o governo dobrou oficialmente sua meta de 20% de energia renovável até 2025.

Mercados como a Turquia e Tailândia também estão caminhando na mesma direção para atender a crescente demanda de energia. O governo da Tailândia anunciou recentemente um aumento de 51% na sua meta de energias renováveis para 2021 para quase 14GW, ou 25% do total de geração de energia elétrica – acima dos 8% gerados atualmente. Já na Turquia, os altos preços do mercado da eletricidade e um quadro de apoio robusto resultaram em excesso de inscrições significativa para os leilões de energia renováveis.

Segundo o EY, os Estados Unidos continuam em primeiro lugar no Recai. No entanto, enquanto o país lançou recentemente o primeiro banco verde de Nova York, para alavancar pelo menos US$ 1 bilhão em investimentos privados para projetos de energia limpa, as preocupações quanto ao impacto dos preços de xisto sobre a diplomacia política e a falta de política energética a longo prazo pode levar à preocupação dos investidores nos próximos meses .

"Os governos devem trabalhar mais para criar mercados estáveis, a fim de garantir os investimentos em energia. As reuniões sobre as mudanças climáticas, que tem acontecido atualmente na Polônia, destacam o valor significativo da energia renovável a partir de perspectivas econômicas, sociais e ambientais. O que só demonstra a necessidade dos governos em concentrar ainda mais a atenção", ressaltou Forer.

Outros mercados que também possuem atrasos nos investimento nesse setor devido as intervenções políticas são: a Austrália , onde o novo governo prepara uma legislação para abolir mecanismos de preços de carbono do país em 2014; a Alemanha, que é colocado em terceiro lugar no índice, mas enfrenta pressão do setor elétrico para reexaminar os subsídios de energia renováveis; e o Reino Unido, cujo aumento das contas de energia só elevou a incerteza para os investidores. Na Polônia, uma proposta de mudança de certificados verdes para licitação recebeu respostas mistas.

Todavia, nem todos os mercados estão sofrendo de indecisão política. A China, por exemplo, continua a perseguir seu ambicioso projeto solar de 35GW para 2015, ao parar de cobrar impostos sobre projetos solares e introduzir subsídios fiscais, além da implementação de medidas específicas para facilitar a consolidação da fonte solar. Internacionalmente, a decisão da União Europeia de impor preços mínimos e quotas nos equipamentos de energia solar chinesas, poderá fazer com que a indústria de energia solar europeia enfrente um período de incertezas pelos próximos dois anos.

"A China tem metas em energia renovável ambiciosas. Através de uma variedade de ferramentas, como a suspensão dos impostos em 50 % sobre a venda de energia solar até 2015, limites à expansão de fábricas solares e um requisito de 3% da receita anual a ser gasto em P&D, o governo está criando um forte fluxo de inovação e implantação. Enquanto que o preço mínimo proposto pela UE conferiu aos fabricantes chineses um aumento muito bem-vindo de suas margens, garantindo preços por dois anos , o que todo mundo espera é ver o impacto que isso terá sobre os instaladores e os desenvolvedores europeus ", afirmou o diretor Global de Transações em Energia Limpa da EY, Ben Warren.

De olho no futuro, Forer conclui que "a inovação continua sendo fundamental para o setor de energias renováveis , do ponto de vista de tecnologia e financiamento. Indecisão política e complacência em relação às tecnologias maduras podem prejudicar seriamente a evolução. No entanto, enquanto alguns mercados tropeçam, o futuro é muito promissor na verdade para os que podem garantir uma política energética estável e confiável aos investidores".