Apesar das chuvas, nível de água nas usinas é baixo

November 27, 2013 | Categoria: Energy

Por Daniel Rittner | De Brasília

A sensação geral é de que as chuvas têm sido abundantes no país neste mês. Mas, apesar disso, o nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas está longe da meta fixada pelo próprio governo para garantir uma "folga" na operação do sistema elétrico em 2014.

A intenção do governo era encerrar novembro, quando normalmente chega ao fim a temporada de estiagem, com 47% de capacidade nos reservatórios das usinas do Sudeste e Centro-Oeste e com 35% nos do Nordeste. Esses níveis, segundo as autoridades do setor, seriam suficientes para garantir com tranquilidade o abastecimento do país no ano da Copa e das eleições presidenciais, mesmo se o próximo verão for o mais seco da série histórica em oito décadas.

 

Até ontem, no entanto, apesar das chuvas recentes, o nível dos reservatórios se mantinha abaixo do pretendido. No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o armazenamento baixou para 41,5%, embora esteja quase nove pontos percentuais acima do verificado há um ano.

No Nordeste, o estoque de água nos reservatórios diminuiu para 22%, nível mais baixo dos últimos dez anos, tendo ultrapassado até o antigo limite mínimo de segurança para a operação do sistema. A curva de aversão ao risco, como esse limite era conhecido no setor elétrico, determinava o momento a partir do qual todas as térmicas - independentemente do custo - deveriam ser ligadas em caráter emergencial para poupar água das represas. Ela deixou de existir, na prática, desde que uma nova metodologia de preços da energia, adotada em setembro, antecipou o acionamento das térmicas. Mas ainda serve para ilustrar a dimensão do problema.

"A situação é aflitiva", afirma o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos de Oliveira Mello. Há um ano, quando os reservatórios das usinas do Nordeste marcavam 33,4% de armazenamento, o quadro já preocupava os analistas. Segundo Mello, ainda é cedo para pensar em restrições ao consumo de energia na região e deve-se esperar pelo menos até meados de janeiro para se ter uma ideia mais clara da hidrologia no verão. Tudo indica, porém, que as usinas térmicas continuarão ligadas nos próximos meses. "Tem que vir muita chuva. Se não vier, não há outra saída", comenta o especialista.