Tractebel estuda ir a leilão com eólicas

October 18, 2013 | Categoria: Energy

Por Rodrigo Polito | De Capivari do Sul e Florianópolis

A Tractebel Energia, controlada pelo grupo franco-belga GDF Suez, pretende participar do próximo leilão de energia do tipo A-3, que negociará contratos para início de fornecimento em 2016, marcado para 18 de novembro. A companhia estuda disputar a licitação com parques eólicos.

"Temos vários projetos na mão. Temos na Bahia uma área grande para projetos, inclusive que dá para produzir energia eólica e solar", afirmou o presidente da Tractebel Energia, Manoel Zaroni ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.

Ele explicou, porém, que a empresa também estuda a possibilidade de viabilizar parques eólicos fora dos leilões, para fornecimento de energia específico para o mercado livre. Esse modelo foi adotado para as eólicas que a Tractebel está construindo no Ceará. Dessas, duas já estão em fase de testes e outras duas entrarão em operação ainda em 2013.

Com o funcionamento dos parques eólicos, a Tractebel pretende alcançar um total de 8.690 megawatts (MW) instalados, mantendo sua posição de maior geradora privada do país. Segundo Zaroni, a empresa deve fechar 2013 com investimentos da ordem de R$ 648 milhões.

Perguntado se a Tractebel teria interesse na hidrelétrica de Três Irmãos, cuja concessão não foi renovada pela Cesp e será licitada novamente em 2014, Zaroni afirmou que a empresa avalia o projeto, mas pondera a atratividade dele. "Está um pouco complicado porque a remuneração é pelo serviço. E os riscos estão desbalanceados em relação à margem que pode ter", explicou.

Segundo ele, a empresa que vencer o leilão será remunerada por uma taxa fixa de operação e manutenção e muito regulada. Qualquer novo investimento que for necessário, como troca de equipamentos, precisará ser aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que possa ser repassado à tarifa.

Sobre a incorporação, pela Tractebel, da fatia de 40% da GDF Suez na hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), o presidente disse que ela só deve ocorrer em 2015. Um dos motivos é o atraso no cronograma da usina, de 3.700 MW, devido a greves e conflitos no canteiro de obras. Ele não comentou se este foi o tema da reunião entre o presidente da GDF Suez no Brasil, Maurício Bähr, e a presidente Dilma Rousseff, esta semana em Brasília.

Segundo o executivo, apesar de a empresa ter um nível de endividamento baixo, não está prevista nenhuma captação de recursos em curto prazo. "Só vamos procurar o mercado se precisarmos", disse. E acrescentou que a Tractebel deve pagar 100% de dividendos sobre o resultado de 2013 aos acionistas. A companhia, que completou 15 anos em setembro, é hoje a maior elétrica brasileira em valor de mercado, cerca de R$ 25 bilhões.

Zaroni participa hoje da inauguração de um parque ambiental da empresa, em Capivari do Sul, localizado no Sul de Santa Catarina. Com investimentos de R$ 20 milhões, o parque está situado em uma área de 50 hectares que servia de pátio de armazenamento de carvão da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no passado.

Localizado ao lado do complexo termelétrico a carvão de Jorge Lacerda, de 857 MW de potência, da Tractebel, o parque teve a construção iniciada em 2009, depois que a geradora realizou a recuperação ambiental da região. Essa era uma condicionante para a licença de instalação da terceira fase de Jorge Lacerda, pelo órgão ambiental catarinense, a Fatma.

O complexo está produzindo hoje cerca de 740 MW médios, volume próximo da capacidade total, por ordem do Operador Nacional do Sistema. Segundo Arthur Ellwanger, gerente de Geração Térmica da Tractebel, historicamente, o complexo produz cerca de 55% de sua capacidade.

Jorge Lacerda tem capacidade suficiente para atender um terço do consumo de energia de Santa Catarina e utiliza cerca de 200 mil toneladas/mês de carvão.