Estimativa de baixo crescimento da construção preocupa

October 04, 2013 | Categoria: Engineering

SindusCon - SP

O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado em 30 de setembro, projetou um crescimento da construção inferior ao estimado para o PIB. A constatação foi feita na Reunião de Conjuntura Econômica do SindusCon-SP, coordenada pelo vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan, em 1º de outubro, no sindicato.

Segundo o BC, enquanto o PIB deverá crescer 2,5% em 2013 (a previsão anterior era de 2,7%) e manter esta taxa no acumulado dos quatro trimestres a serem encerrados em junho de 2014, a construção crescerá, respectivamente, apenas 1,9% e 2%.

“Não estamos caminhando para um padrão sustentável. É certo que o ciclo de crescimento do país entre 2007 e 2010 não vai se repetir, mas a perspectiva do Banco Central é preocupante, com a construção civil crescendo aquém do PIB”, comentou na reunião o professor dos MBAs da FGV, consultor da FGV Projetos e articulista da revista Notícias da Construção, Robson Gonçalves.

Ele mostrou que o cenário de referência da economia, vislumbrado até o início do mês passado pelo BC, projeta inflação de 5,8% em 2013, 5,7% em 2014 e 5,5% no terceiro trimestre de 2015, isto é, no mínimo um ponto percentual acima do centro da meta.

A autoridade monetária não descartou a possibilidade de novas elevações de juros, ao concluir no relatório ser necessário que o BC se mantenha “especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação persistam no horizonte relevante para a política monetária”, segundo o relatório.

Gonçalves apontou contradição no documento, segundo o qual, ao mesmo tempo em que a demanda doméstica “ainda permanecerá robusta”, “estaria em curso mudança na composição da demanda agregada. Nesse sentido, o consumo continuará em crescimento, porém, em ritmo mais moderado; e, em contrapartida, os investimentos e as exportações líquidas ganhariam impulso”, diz o relatório. O documento acrescenta que parte do crescimento se dará porque os “programas de concessão de serviços públicos, as permissões para exploração de petróleo, entre outros, criam boas perspectivas para os investimentos e para a produção industrial”.

Segundo Gonçalves, até o momento as concessões de serviços públicos ainda não decolaram como deveriam e persiste a crise de confiança da iniciativa privada em relação à expansão dos investimentos em infraestrutura.

Zaidan comentou que “infelizmente, a opção de fazer os ajustes necessários e acelerar a oferta de infraestrutura, quando a economia estava crescendo e havia espaço fiscal devido ao aumento da arrecadação, não foi feita. Hoje, os investimentos já estariam afrouxando os gargalos que mantêm a produtividade baixa, e a ameaça da inflação não estaria tão presente.”

Preços dos imóveis – Na reunião, o vice-presidente de Economia e a coordenadora de Projetos da Construção da FGV, Ana Maria Castelo, opinaram que, de uma forma geral, os preços no mercado imobiliário não deverão se elevar em função do aumento, para R$ 750 mil, do valor máximo dos imóveis adquiríveis com recursos do FGTS. “Aumentos pontuais poderão ocorrer se o imóvel estiver bem situado, em locais de muita demanda”, ressalvou Zaidan.

Ana Maria também apresentou em números um panorama da desaceleração do crescimento da construção neste ano. Ela avaliou que o pessimismo com a economia, manifestado pelos empresários na Sondagem da Indústria da Construção feita pelo SindusCon-SP, acabou contaminando as opiniões deles sobre o desempenho de suas empresas, agora demonstrando insatisfação.