Atividade na construção civil cai ainda mais em junho, aponta CNI

July 26, 2013 | Categoria: Engineering

Por Lucas Marchesini | Valor

BRASÍLIA  -  (Atualizada às 13h05) A atividade da construção civil continuou a se retrair em junho, acompanhando o enfraquecimento da atividade econômica, segundo a pesquisa “Sondagem da Indústria da Construção”, divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A entidade informou que o indicador que mede o nível de atividade do setor caiu para 44,3 pontos em junho, de 46,9 pontos em maio. O índice vai de zero a cem pontos e resultados abaixo de 50 indicam retração. 

O nível de atividade do setor da construção não cresce desde março de 2012 e desde dezembro mostra retração.

A pesquisa mostra que os três segmentos dessa indústria - construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados - mostram desaquecimento. O que apresenta maior retração é o de construção de edifícios. “Há incertezas por parte do consumidor em relação ao futuro, o que prejudica sua disposição a assumir financiamentos de longo prazo”, diz a CNI. 

A atividade em relação à usual para o mês ficou em 42,3 pontos em junho, o que demonstra atividade menor do que o normal para junho. Esse é o pior resultado da série, que se iniciou em 2009. Em maio, esse indicador apontava 44,8 pontos.

Para se adaptar à queda na atividade, as empresas mostram ajustes na utilização da capacidade de oferta. A Utilização da Capacidade de Operação (UCO), em junho, é dois pontos percentuais inferior à média do ano passado e o número de empregados caiu durante o ano todo. A UCO foi de 68% em junho, ante 69% em maio.

“Uma recuperação mais contundente da construção dependeria de um crescimento econômico mais forte. Contudo, não há sinais nesse sentido. A reversão nesse cenário demanda ampliação dos investimentos públicos, ampliação das parcerias público-privadas e melhores condições regulatórias para o investimento privado”, diz a CNI na pesquisa.

Expectativa

A CNI também mostra que, em julho, a expectativa das empresas sobre a evolução do nível de atividade nos próximos seis meses é de crescimento, com indicador em 54,6 pontos. Mas esse é o menor indicador de expectativa da série, 5,6 pontos abaixo da média histórica. A expectativa com relação a novos empreendimentos e serviços também apresenta o menor nível de otimismo da série. O indicador situa-se em julho em 54,4 pontos, 5,9 pontos abaixo da média histórica.

Emprego em baixa

Reflexo da queda da atividade, o indicador do número de empregados ficou em 45,5 pontos em junho, ante 47,4 pontos em maio deste ano. “Desde abril de 2012 a construção não expande o quadro de funcionários”, observa a CNI na pesquisa. Segundo a entidade, a redução no quadro de funcionários é disseminada entre as empresas do segmento.

Otimismo em queda

O desempenho negativo da indústria da construção em junho levou os empresários do setor a reduzir o otimismo em relação à atividade de suas empresas para os próximos seis meses. 

Apesar de o indicador de julho ter atingido 54,6 pontos, o que demonstra esperança de retomada na atividade, esse é o menor resultado desde o início da série, em 2009. Em junho, o índice foi de 55,9 pontos.

O indicador varia de zero a cem pontos. Resultados acima de 50 pontos indicam otimismo para os próximos seis meses.

A expectativa quanto a novos empreendimentos e serviços caiu para 54,4 pontos em julho, ante 55,6 pontos em junho.

Também teve queda o indicador de compra de insumos e matérias primas (passou de 54,5 pontos em junho para 54,4 pontos em julho).

Por outro lado, a expectativa quanto ao número de empregados teve uma leve alta: ele saiu de 54,3 pontos em junho para 54,7 pontos em julho.

A Sondagem Indústria da Construção foi realizada entre 1º e 12 de julho com 522 empresas.

 Tributação pesada

A elevada carga tributária seguiu como o principal problema apontado pelos empresários da construção civil no segundo trimestre deste ano, de acordo com pesquisa da CNI. Esse item foi assinalado por 50,9% das empresas, resultado praticamente igual ao do trimestre anterior, com 50,8% de assinalações. 

A falta de trabalhador qualificado continua a ser o segundo principal problema, com 42,9%, bem próximo ao observado no trimestre anterior (42,5%). Mas na comparação ao mesmo trimestre do ano passado, houve queda de oito pontos percentuais. 

Entre os itens que mais cresceram na lista de preocupações do setor aparecem os dois ligados à concessão de crédito. O item taxas de juros elevadas cresceu de 17,3% para 21,1%, tornando-se o terceiro principal problema das empresas da construção. A falta de financiamento de longo prazo passou de 6,0% para 10,1% de assinalações. 

Os itens que mostraram maior queda no percentual de assinalações entre o primeiro e o segundo trimestre foram o alto custo da mão de obra (de 34,5% para 27,7%) e o licenciamento ambiental (de 13,4% para 9,9%). 

(Lucas Marchesini | Valor)