Grupos japoneses investem no Brasil em geração solar

April 08, 2022 | Categoria: Energy

A Fazsol fechou um contrato com a Órigo Energia para a construção de 17 fazendasde geração de energia solar com 33,4 megawatts (MW) de capacidade, no modelo de geração de energia distribuída, no qual o consumidor escolhe o fornecedor.

O investimento no projeto é de cerca de R$ 150 milhões e faz parte da estratégia de crescimento no Brasil da Fazsol, empresa que é fruto da parceria entre a japonesa Shizen Energy e a Espaço Y, holding brasileira do segmento de construção civil. A Shizen pretende atuar no país por meio da joint venture para auxiliar empresas japonesas presentes no Brasil na descarbonização da matriz de energia.

No caso da parceria com a Órigo, a Fazsol será responsável pelo desenvolvimento dos parques solares, enquanto a Órigo fará a ponte com os consumidores finais. As usinas serão construídas no Distrito Federal, Minas Gerais e Ceará, e serão capazes de gerar energia para atender a demanda de energia de 130 mil casas por um ano. A previsão é que os parques entrem em operação em novembro. De acordo com o gerente da Shizen Energy para o Brasil, Bruno Suzart, o contrato permitirá à Fazsol quadruplicar o volume de energia que já desenvolveu no país e triplicar o tamanho da equipe. “Isso vai servir como catapulta para trabalharmos com novos clientes”, diz.

A Fazsol tem hoje 25 projetos de energia renovável em operação no Brasil, com 8,6MW de capacidade. A companhia pretende investir R$ 1 bilhão até 2024, ano em que espera ter 200 MW de usinas solares em operação no país. A Shizen chegou ao Brasil em 2018. A empresa foi fundada em 2011 por três empresários japoneses do setor de energias renováveis, a partir das discussões que surgiram no país com o desligamento de usinas nucleares com o acidente de Fukushima. A empresa opera em outros quatro países por meio de parcerias e, no caso do Brasil, optou por atuar através da Fazsol.

Nos últimos meses, a companhia fez estudos sobre o potencial de geração de energia renovável no Brasil a pedido do governo do Japão. “Queremos repetir, com a Fazsol no Brasil, a experiência de sucesso da Shizen com empresas japonesas em outros países. Conseguimos atender essas empresas na própria língua delas, as negociações podem ocorrer de acordo com o formato com o qual estão acostumadas”, explica Suzart.

De acordo com Suzart, o fato de a Órigo também ter capital de origem japonês ajudou na negociação do acordo. “Existe uma conexão cultural entre as empresas, algumas das apresentações aconteceram no próprio Japão”, diz. O conglomerado japonês Mitsui & Co tem cerca de 17% do capital da Órigo. O restante do capital da empresa está dividido entre os fundos de investimentos TPG e MOV Investments e também disperso na bolsa brasileira. A companhia opera um negócio no modelo de assinatura de energia solar, no qual o cliente recebe um crédito na conta de luz pela energia gerada nas usinas solares.

As usinas construídas pela Fazsol vão atender a esses clientes da Órigo. “O acordo potencializará a missão da companhia: democratizar o acesso à energia limpa o Brasil”, afirma o diretor de imagem da Órigo, Rodolfo Molinari. A partir desse contrato, a Fazsol pretende se expandir para atuar em outros mercados nos quais ainda não estava presente no Brasil. Até então, a companhia tinha focado no desenvolvimento de plantas de geração distribuída. “Esse é um projeto estruturante, que nos permite olhar para a expansão”, diz o diretor da Fazsol, Nélio Pereira.

A companhia avalia entrar no mercado livre. “Podemos ajudar a transformar as próprias empresas que já estão no mercado livre em autoprodutores, nesse caso, existe uma eficiência complementar de custo”, afirma Pereira.