Covid-19: Empresas de energia se unem para doar R$ 6 milhões a vulneráveis

June 10, 2020 | Categoria: Energy

HENRIQUE FAERMAN, DA AGÊNCIA CANALENERGIA

Uma parceria entre o fundo Unicef no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e empresas do setor privado de energia como EDF Renewables, Essencis e Termoverde (Grupo Solví), Gemini Energy e Omega Energia, anunciaram nessa terça-feira, 9 de junho, um primeiro repasse de R$ 6 milhões para famílias vulneráveis em oito capitais brasileiras, como forma de atenuar os impactos advindos com a pandemia da Covid-19. Os recursos estão sendo destinados ao Unicef por meio da linha de Investimentos Sociais de Empresas (ISE) do BNDES.

O objetivo do aporte inicial é comprar e distribuir kits com suprimentos fundamentais de higiene, contendo sabonete, detergente líquido, álcool em gel e água sanitária, e cestas básicas para aproximadamente 121 mil pessoas em Belém, Fortaleza, Manaus, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Como parte da conscientização sobre os cuidados necessários neste momento de pandemia, também serão distribuídos folhetos informativos sobre as formas de contágio e como cuidar da saúde e do bem-estar das famílias

No Brasil, o fundo das Nações Unidas tem articulado uma força-tarefa com diversos atores do setor privado, movimentos sociais, governos, organizações e celebridades no intuito de ampliar seu trabalho e fazer chegar a ajuda a milhares de pessoas, priorizando as áreas da saúde, água, saneamento, proteção e educação.

“Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados pelo coronavírus diretamente, como em toda crise humanitária, eles sofrem muito de maneira indireta”, afirma Florence Bauer, representante do Unicef no país.

Na avaliação do superintendente da Área de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES, Júlio Leite, a linha ISE, que viabilizou os investimentos, busca ampliar a responsabilidade social das empresas, estimulando-as, por meio de condições financeiras atraentes, a ir além das meras obrigações ambientais e sociais previstas em legislação.

“Diante do avanço do vírus incentivamos as empresas a realizarem ações relacionadas à mitigação dos impactos. Algumas delas demonstraram interesse em apoiar o projeto emergencial, utilizando recursos já contratados no Banco para aumentar de forma relevante a quantidade de famílias atendidas e, portanto, a eficácia e o impacto da iniciativa”, explica o executivo.

INB compra 7 mil máscaras de costureiras locais

Como forma de apoiar a economia do entorno de suas unidades e cumprir a demanda da empresa frente à retomada das atividades presenciais, a Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) solicitou a produção de aproximadamente 7 mil máscaras em tecido junto a costureiras autônomas dos polos de Resende (RJ), Itatiaia (RJ) e Caetité (BA). As máscaras serão distribuídas a empregados e estagiários em todas as unidades, como forma de aumentar a proteção contra o coronavírus durante o expediente.

“Optamos por comprar com costureiras locais como forma de oportunizar um trabalho para elas, uma geração de receitas e recursos num momento muito difícil, uma pequena contribuição que somada a ajuda de outras empresas e de outras pessoas podem gerar muito benefícios nesse período. Não importa o tamanho da ajuda, o que importa é que ela seja feita”, comentou o presidente da INB, Carlos Freire Moreira.

A artesã Célia Regina da Silva, moradora do distrito de Engenheiro Passos, em Resende, onde está localizada a Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, trabalhou ao lado de duas colegas na produção das máscaras e comentou que nunca havia sido feito um pedido desta magnitude. “Foi um desafio que ficamos honradas em aceitar e muito felizes por entregar dentro do prazo. Os frutos deste trabalho nos ajudarão muito, principalmente neste momento de incerteza que estamos vivendo”, resumiu Célia.

Nas comunidades próximas à Unidade de Concentração de Urânio (URA) por exemplo, sete profissionais de Maniaçu, Juazeiro e São Timóteo aceitaram o desafio. São costureiras já tradicionais nesses locais, com máquinas centenárias ainda movidas a pedal, além de outras novatas no ramo, com equipamentos mais modernos e elétricos.

Freire acrescenta ainda que a INB está planejando e estudando novas formas de contribuir nesse momento de crise. “Como empresa estatal dependente do governo é vedada de fazer doações em ano eleitoral, essa ação já foi uma forma de tentar ajudar e nós estamos visualizando outras maneiras, incentivando o voluntariado do nosso pessoal”, adianta.

Auxílio de Itaipu atende 36 entidades humanitárias

Um total de 41 mil pessoas, o equivalente a quase 16% da população de Foz do Iguaçu, será atendido diretamente pelo auxílio eventual de R$ 2,8 milhões da hidrelétrica de Itaipu para mitigar os efeitos da queda de arrecadação de 36 entidades humanitárias durante o período de pandemia.

O valor se soma a outros R$ 15 milhões repassados pela usina para criar uma ala de atendimento exclusivo para casos graves da covid-19 no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, além da compra e repasse de insumos para unidades hospitalares da 9ª Regional de Saúde e parceria com o hospital do município de Foz do Iguaçu.

O total de investimentos no enfrentamento à crise, incluindo o incentivo de R$ 50 mil que será repassado aos profissionais do turismo após a realização de uma live na UHE, passa de R$ 22 milhões, segundo a binacional.

De acordo com o coordenador do GT Estratégico de Itaipu para a enfermidade, coronel Jorge Aureo, as instituições passaram por um rigoroso critério de avaliação para o recebimento dos recursos, por ordem de chegada dos pedidos, apresentação dos planos de trabalho na data limite, documentação completa e aderência à proposta de excepcionalidade em função do vírus, que causou impacto direto na arrecadação das organizações.

Também foram levados em consideração enquadramento na norma do auxílio eventual e situação de regularidade financeira e cadastral na companhia. De forma geral, os apoios foram voltados para atendimento das necessidades básicas dessas entidades, como alimentação, itens de higiene e limpeza, insumos hospitalares e outros equipamentos previstos no escopo dos contratos.Neoenergia lança plataforma para acompanhar saúde de 12 mil funcionários

Encerrando o resumo das ações do dia, a Neoenergia iniciou um projeto piloto para prevenir casos do coronavírus entre os seus mais de 12 mil colaboradores espalhados em 18 estados do Brasil, por meio da plataforma HealthCheck, desenvolvida pela aceleradora digital Neoris. Inicialmente a ferramenta foi destinada apenas ao funcionários da Cosern (RN), mas será também oferecida para todos os colaboradores da empresa nos próximos dias.

Através do computador ou por um aplicativo instalado no celular, os funcionários farão semanalmente o “check-in da saúde”, respondendo cinco perguntas sobre como se sentem física e emocionalmente, e se estão em isolamento ou não. O objetivo é traçar estratégias cada vez mais assertivas diante das informações.

Segundo o gerente de saúde e segurança da subsidiária brasileira do Grupo Iberdrola, Harley Albuquerque, os funcionários poderão acessar a plataforma em qualquer dia da semana para informar os dados sobre os sete dias anteriores ou quando apresentarem sintomas da covid, como tosse e febre.

“Tomaremos medidas de acordo com a avaliação clínica das nossas equipes de saúde. Aqueles que se considerarem ansiosos, por exemplo, receberão, imediatamente, a indicação de aconselhamento psicológico profissional, oferecido pela empresa por meio do programa Mais Apoio”, explica Albuquerque.

A plataforma HealthCheck utiliza o modelo SaaS (software de serviço pensado para utilização de empresas) na Amazon Web Services e pode ser acessada pelo computador, utilizando os navegadores Mozilla ou Chrome, ou pelo aplicativo do celular. De acordo com as respostas, as equipes podem entrar em contato com os colaboradores ou monitorar as áreas da empresa com maior ou menor risco. Vale destacar que os dados são criptografados e ficam armazenados em uma nuvem específica para a companhia, não sendo compartilhados.

O gerente de negócios da Neoris, Mauricio Piazza, disse que a concepção do projeto foi criar uma plataforma de fácil interação para que a empresa conseguisse apontar o estado de saúde dos funcionários, com um analytics. “De um lado tem um front-end com input de informações, e do outro, um back-end que permite fazer uma apuração analítica. É uma ferramenta de suporte decisório muito interessante e que possibilita, por meio de uma interface simples, a aproximação da companhia com os colaboradores”, complementa.