Pequenas centrais hidrelétricas são alternativa para geração de energia

March 27, 2015 | Categoria: Energy

Andréa Bertoldi - Reportagem Local (Folhaweb)O Brasil tem hoje 810 projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que totalizam 10 gigawatts, parados na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) esperando aprovação para saírem do papel. Isso é o equivalente a 65% de uma nova usina de Itaipu. Hoje, no País há 461 PCHs em funcionamento e no Paraná 30. 

O presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidroelétricas (Abrapch), Ivo Pugnaloni , disse que, devido à falta de novas hidrelétricas, os reservatórios das usinas maiores podem esvaziar em um ano, quando o País tem problemas de escassez de chuvas. Ele afirmou que, se o número de PCHs fosse maior, elas poderiam operar nos períodos de chuvas para ajudar a preservar os reservatórios das hidrelétricas de maior porte e minimizar a crise hídrica. 

As PCHs são usinas que operam a fio d’água, ou seja, sem reservatório para armazenamento. Possuem potência instalada de 3 MW a 30 MW e têm um custo aproximado de construção de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões por MW. 

Ontem, durante o 6º Encontro da Abrapch, realizado em Curitiba, foram discutidas medidas para tentar agilizar o licenciamento ambiental das PCHs. Umas das propostas, segundo Pugnaloni, seria realizar convênios entre o Ministério de Minas e Energia e os órgãos ambientais estaduais para repasses de recursos da União destinados à capacitação e contratação de técnicos para licenciamento de empreendimentos de geração de energia. Ele disse que hoje há falta de funcionários nos órgãos ambientais dos estados. 

Outra ideia defendida foi a elaboração de uma nova resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) específica para o licenciamento de PCHs e de Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). Pugnaloni disse que a resolução em vigor, a 001/86, tem quase 30 anos e serve desde uma usina igual a Belo Monte até uma PCH. "Não é apropriada ao porte do empreendimento e complica o licenciamento", disse. 

O presidente da Abrapch destacou ainda que, nos últimos dois anos, o País gastou R$ 100 bilhões com as termelétricas em função da falta de energia gerada pelas hidrelétricas provocada pela crise hídrica. 

Segundo ele, outro motivo que ainda atrapalha a entrada em operação das PCHs é o preço. A associação defende um preço teto de R$ 230 por MWh mas, segundo ele, o governo federal acha caro. No entanto, foi autorizado nos últimos dias o uso de energia gerada a diesel vendida por supermercados que têm geradores por R$ 1.782 o MWh. 

O proprietário da Construtora Construnível, Cleber Leites, que atua com projetos de PCHs e CGHs em 15 estados, inclusive no Paraná, disse que o proprietário da terra na qual é criada a usina pode virar sócio do empreendimento. Segundo ele, geralmente, esses projetos são realizados através de investimentos da iniciativa privada e são instalados em áreas de até 1.300 hectares em rios, corredeiras e cachoeiras. 

Hoje, o Ministério de Minas e Energia deve lançar um edital de leilão de PCHs previsto para 30 de abril. No entanto, ainda não há um valor teto de preço por MWh definido. Depois de aprovado o projeto, o prazo para fazer a obra é de dois anos.