Condições como custo da energia vão determinar viabilidade de geração própria
March 16, 2015 | Categoria: Energy
Sueli Montenegro, da Agência CanalEnergia, de Brasília, Regulação e Política
Autorizadas a lançar chamada pública para incentivar a geração própria por consumidores de energia, as distribuidoras admitem que a viabilidade da proposta do governo vai depender das condições definidas na regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica. Uma dessas condições é o custo para o consumidor; outra, o investimento para adequar as instalações e uma terceira, o valor a ser pago pela energia excedente injetada no sistema.
O potencial estimado dos geradores de energia existentes em estabelecimentos como supermercados e shopping centers é de 3,2 mil MW, mas autoridades, agentes do setor e os próprios clientes dizem desconhecer a real capacidade de produção de energia por esses equipamentos. "Ninguém tem ideia", afirma o consultor da Associação Brasileira de Ditribuidores de Energia Elétrica, José Gabino dos Santos. Para Gabino, se o preço for bom, o consumidor vai se interessar.
"Nós temos uma ideia da quantidade instalada, mas não sabemos se ela vai ser efetiva, porque isso depende também de logística", disse o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, que deu como exemplo a situação de quem tem gerador a óleo diesel e vai precisar estocar o produto. Segundo Rufino, uma coisa é ter logistica para uma geração de backup, situação de parte dos equipamentos existentes atualmente; outra, é ter estoque de combustível para geração no horário de ponta; e uma terceira situação é a ampliação do tempo de operação desses equipamentos.
O diretor da Aneel explicou na ultima terça-feira, 10 de março, que a proposta é definir o valor de acordo com o tipo de fonte, como se fosse um CVU - o Custo Variável Unitário usado para definir o custo da geração das usinas termelétricas. "Nós não temos ainda um número apurado. Vai depender da fonte", explicou Rufino, acrescentando que o gás pode ter um preço mais competitivo, mas o diesel não tem chance. Ao estender o período de geração, é possivel que o consumidor gere energia suficiente para dispensar o fornecimento pela concesssionária. Ele pode produzir, porém, além de sua capacidade de consumo, e gerar um certo valor para abastecer o sistema de distribuição.
A extensão do uso de geradores por consumidores do grupo A é uma das propostas do Ministério de Minas e Energia para reduzir a pressão sobre a oferta de energia nos próximos meses. O MME publicou nesta quarta-feira, 11, a portaria 44/2015, que prevê a realização de chamada pública pelas distribuidoras e estabelece as diretrizes para a regulamentação da medida pela Aneel.
Para o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Carlos Faria, a proposta está em linha com o que o governo tem tentado fazer, que é evitar o racionamento. "O governo quer de alguma forma que sobre energia", afirmou Faria, que ressalvou não conhecer ainda os termos da portaria.
Para o consultor da Abradee, a logística do diesel é um complicador no processo, em caso de utilização por mais tempo dos geradores de energia. Ele reconhece que a tendência é de que regiões com maior atividade econômica como o Sudeste tenham um potencial maior de geração própria.