Sem novos investimentos, construção civil terá recessão, alerta Fiesp
March 10, 2015 | Categoria: Engineering
Circe Bonatelli - Portal Piniweb
Só um novo ciclo de investimentos em obras permitirá que o mercado de construção civil retome a trajetória de expansão, na avaliação de Carlos Eduardo Auricchio, diretor da área de construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "O ciclo virtuoso de obras iniciado por volta de 2007 se encerrou. Se continuar assim, o setor entrará em recessão", declarou o executivo na manhã desta segunda-feira (9), durante a 11ª edição do Construbusiness. O evento reúne empresários e o poder público para debater o ambiente de negócios no setor.
Até 2022, Auricchio disse haver potencial para R$ 4,5 trilhões em investimentos no país para obras destinadas ao desenvolvimento urbano (incorporação imobiliária, saneamento e mobilidade) e infraestrutura (transporte, energia e telecomunicação). Diante desse potencial, a Fiesp apresentará ao governo uma agenda com cerca de 30 propostas nas áreas de gestão, tributação e financiamentos que ajudem a viabilizar os aportes no novo ciclo de obras.
O mercado da construção teve redução de 239,5 mil empregos em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados apresentados pela entidade. A maior perda ocorreu no setor de construção e incorporação, com 174,5 mil vagas cortadas em janeiro. Em seguida estão a indústria de materiais de construção, com queda de 51,7 mil postos de trabalho, e escritórios de engenharia e arquitetura, com corte 13,3 mil vagas.
Ajustes
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, fez críticas pontuais ao governo federal pela diminuição da desoneração concedida a empresas do setor, conforme previsto na Medida Provisória 669/2015 - recusada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, no último dia 3 e reelaborada pelo Planalto como um projeto de lei. "Somos de acordo com a necessidade do ajuste fiscal. Mas que se faça com corte de despesas, não com aumento da receita", ressaltou no evento.
Skaf defendeu a iniciativa do Congresso em barrar a Medida Provisória, com a justificativa de que não há urgência na sua implementação. "Nesse ponto, nós não estaremos de acordo com o governo", disse Skaf. "Onerar ainda mais as pessoas e as empresas não vai fazer bem ao país. Se houvesse fartura e folga, entenderíamos que é preciso fazer um sacrifício. Mas essa não é a realidade. As empresas estão feridas", argumentou.