Represas de hidrelétricas devem se recuperar em dezembro, prevê ONS

December 02, 2014 | Categoria: Energy

Fonte: Fábio Amato Do G1, em Brasília

 

Os principais reservatórios de hidrelétricas do país, hoje com nível de armazenamento de água mais baixo que na época do racionamento, em 2001, devem começar a se recuperar em dezembro, de acordo com relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado nesta sexta-feira (28).

A previsão do órgão é que essas represas cheguem ao dia 31 de dezembro com nível médio em 24,3% da capacidade total, quase 10 pontos percentuais acima dos 15,18% médios verificados nesta quinta (27), dado mais recente. Mesmo que a recuperação se confirme, o armazenamento continuará abaixo do registrado na época do racionamento: em 30 de dezembro de 2001, o volume era de 31,62%.

O nível dos reservatórios deve subir por conta do aumento na quantidade de chuva, normal para este período do ano. Segundo o ONS, para dezembro é esperado que chegue nas represas das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste água equivalente a 107% da média histórica para o mês.

Como mostrou o G1, desde o dia 20 de outubro a situação nas represas de hidrelétricas nas duas regiões é pior que a verificada na mesma época de 2001, quando o país passou por racionamento de energia. O Sudeste e o Centro-Oeste concentram usinas com 70% da capacidade de geração de energia do país.

O chamado período úmido, quando o volume de chuvas aumenta e os reservatórios, normalmente, voltam a se encher, começou em novembro. Entretanto, neste mês o nível dessas represas só baixou e, de acordo com o ONS, elas devem chegar ao próximo domingo com armazenamento em 15,5% da capacidade total.

Apesar dessa situação, o governo vem negando o risco de um novo racionamento de energia no país em 2015. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, afirmou no início de novembro que o atendimento da demanda por eletricidade no Brasil estará garantindo no ano que vem se as represas do Sudeste e Centro-Oeste chegarem ao início do período seco, em maio, com nível entre 30% e 35%.

Conta de luz mais alta

Hoje o país possui um parque de termelétricas bem maior que em 2001. Essas usinas geram energia por meio da queima de combustíveis como óleo, gás natural e biomassa, substituindo boa parte da produção das hidrelétricas e contribuindo para poupar água dos reservatórios. Por isso, o país não passa por novo racionamento.
Nos últimos meses, o Brasil vem mantendo em funcionamento todas as térmicas disponíveis, num esforço para economizar água das hidrelétricas. Entretanto, isso vem contribuindo para os altos reajustes nas contas de luz em 2014, já que a energia produzida por esse tipo de usina é mais cara.

A crise no setor elétrico brasileiro vai puxar para cima os reajustes das contas de luz nos próximos anos também. Isso porque o governo recorreu a empréstimos bancários, no valor total de R$ 17,8 bilhões, para cobrir custos extras do setor em 2014 e evitar altas ainda maiores nas tarifas. Os empréstimos vão ser repassados aos consumidores, via conta de luz, entre 2015 e 2017. Apenas essa fatura, somados os juros, deve chegar a R$ 26,6 bilhões, de acordo com cálculo do Tribunal de Contas da União (TCU).