Setor elétrico deve esquentar debate no segundo turno
October 13, 2014 | Categoria: Energy
Da redação - Jornal da Enegia, com informações da Agência Brasil
O setor elétrico deve esquentar o segundo turno da campanha à Presidência da República. A expectativa é de que a candidata Dilma Rousseff relembre o racionamento de energia de 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, enquanto que Aécio Neves, do PSDB, deverá focar suas críticas nos problemas atuais do setor, que podem resultar em reajustes na conta de luz.
Para o professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, a questão da energia elétrica vai dar um “bate-boca quente” no segundo turno das eleições. Segundo ele, a tentativa do governo de reduzir a tarifa de energia resultou em “desastre total” para as distribuidoras. “Todo esse populismo, o Aécio vai abordar. E, claro, a Dilma vai retrucar com o apagão que houve no governo FHC”, analisa.
A Medida Provisória 579, de 2012, promoveu a redução dos preços da energia elétrica em 20% em média, mas estabeleceu uma série de condições para as distribuidoras de energia, como a renovação antecipada das concessões que estavam para vencer.
Segundo análise do Tribunal de Contas da União, a medida trouxe desequilíbrio nas contas do setor elétrico, processo agravado pelas chuvas abaixo do normal nos últimos meses.
O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, acredita que o assunto deve ser tratado de forma mais técnica durante a campanha.
“Não creio que a questão da política energética em si receba um grande destaque, porque é algo que tem um embasamento técnico muito grande e possivelmente não se preste a discussões em campanhas eleitorais, onde se busca muito mais destacar emoções do que razões”, avalia.
Mesmo assim, ele acha que tanto o racionamento de 2001 quanto os problemas atuais do setor podem ser abordados pelos dois candidatos. “Cada um tem os seus argumentos, a presidente Dilma tem razão de trazer à tona a questão do racionamento de 2001, porque ele teve como causa básica a perda da capacidade de planejamento. E o Aécio, certamente, vai trazer a questão da crise financeira, que tem uma correlação direta com a crise hidrológica que o país está passando”, disse.