Alta de preços desacelera com redução da demanda

August 20, 2014 | Categoria: Engineering

Da Redação, original Valor Econômico.


A retração da demanda por imóveis já se reflete em menor aumento dos preços e, no mercado, a avaliação mais comum é que os valores tendem a ficar estáveis. "Não há condições estruturais para os preços baixarem. Isso dependeria de queda do preço dos terrenos e da redução dos custos com mão de obra, o que não é o esperado", diz o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Claudio Bernardes. Mas, segundo Bernardes, as altas continuarão a ser inferiores às da inflação, com possibilidade de a diferença aumentar ainda mais.

Já na avaliação do presidente do portal Zap Imóveis, Eduardo Schaeffer, os preços de imóveis vão voltar a acompanhar a inflação no segundo semestre. "Desde o fim da Copa, o volume de buscas de imóveis cresceu bem mais do que imaginávamos", conta Schaeffer.

No acumulado de janeiro a julho, houve queda real de preços, ou seja, variações abaixo da inflação, em oito das 16 cidades que compõem o Índice FipeZap Ampliado. A variação média dos preços foi de 4,11%, para R$ 7.574 por metro quadrado. Em Brasília e Curitiba, o indicador apontou quedas nominais de preços, de 1,05% e 0,57%, respectivamente. O indicador é calculado pela Fipe em parceria com o Zap Imóveis.

Na visão do diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza, a postura de cautela do consumidor resulta menos do cenário econômico e mais das campanhas de descontos do setor, "que bagunçam a lógica de preços". Segundo ele, as campanhas da EZTec têm se voltado para incrementar o movimento dos plantões de vendas, e não para geração de caixa. Os descontos oferecidos correspondem ao que a EZTec gastaria para manter a unidade pronta em carteira por um ano.

Boa parte das incorporadoras está oferecendo descontos no momento. A PDG Realty, por exemplo, realizou, neste fim de semana, a campanha "Na ponta do lápis", com descontos de até R$ 500 mil. A Rossi Residencial aposta em campanhas para acelerar a venda de estoques prontos, com abatimentos de 15% na média da carteira.

A Tecnisa também vem concedendo, em média, 15% de descontos em imóveis prontos, percentual que varia para mais ou para menos, conforme a avaliação da incorporadora em relação às margens e à velocidade de venda que podem ser obtidas.

A rede de imobiliárias Brasil Brokers vai realizar, de 1º a 30 de setembro, campanha de descontos e melhorescondições de pagamento de cinco mil imóveis, em 90 de suas 108 lojas, focada, principalmente, imóveis usados. "Nossa força de vendas está orientada a buscar descontos de até 10% e já começou a conversar com os proprietários dos imóveis", conta o diretor nacional de imóveis prontos da Brasil Brokers, Josué Madeira. Segundo ele, para usados, há expectativa de estabilidade de preços, em linha com a inflação.

A concorrente Lopes ofereceu, no último dia 9, descontos de até 34% em 72 empreendimentos de 16 incorporadoras. A campanha foi concentrada em imóveis da Região Metropolitana de São Paulo.

A Realton, imobiliária focada em imóveis novos com descontos, tem, desde sábado até o dia 24, abatimentos de preços de até 45% em imóveis de 11 incorporadoras de capital aberto e fechado.

 

Para o diretor da Realton, Rogerio Santos, os preços dos imóveis tendem a ficar estáveis no curto prazo, com o ajuste da oferta à demanda pelas incorporadoras. A expectativa é de alta dos valores no longo prazo, de acordo com o executivo. Na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país -, os preços tendem a subir nas áreas em que a produção ficou mais restritiva devido ao novo Plano Diretor, segundo Santos.