Solar e eólica deverão fechar contratos na mesma proporção
July 30, 2014 | Categoria: Energy
Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Planejamento e Expansão
O volume de projetos cadastrados para o próximo Leilão de Energia de Reserva, agendado para 31 de outubro, não foi surpresa para o setor. Tanto os agentes do setor solar quanto eólico já esperavam esse número de projetos. Contudo, ainda não há a possibilidade de arriscar um nível de contratação até porque ainda é necessário passar por dois pontos fundamentais no processo do certame: a habilitação de projetos e o preço teto para cada fonte (produto) que ainda inclui a térmica a biogás movida a resíduos sólidos urbanos.
A expectativa do mercado é de que a solar e a eólica realmente fechem a contratação de capacidade instalada. A terceira fonte deverá ter participação apenas marginal e não deverá ter contratos. Na avaliação da diretora executiva da Thymos Energia, Thaís Prandini a participação das térmicas a biogás deverá se dar como uma primeira iniciativa para que o governo conheça os projetos e os investidores dessa fonte para os próximos certames apenas.
Na avaliação de Thaís, a solar e a eólica serão contratados em proporção semelhante assim como a participação de cada uma das fontes em termos de habilitação ao certame. “As duas terão competitividade, mas cada uma em seu momento distinto. A solar por ser a primeira vez em um leilão de verdade com a perspectiva de contratação e a eólica com histórico de competitividade que temos visto nos últimos leilões”, apontou a executiva da Thymos.
Contudo, essa competitividade ainda passará pela definição do preço teto, um valor que só será conhecido mais próximo do certame. No caso da solar fotovoltaica, por ser o primeiro leilão, um valor mais baixo que R$ 250 por MWh deverá restringir o ímpeto dos investidores. Na eólica, o problema da falta de equipamentos foi um dos fatores que pressionaram a contratação reduzida no A-3, quando apenas 551 MW em novos projetos.
Na avaliação da presidente executiva da ABEEólica, Élbia Melo, o preço esperado pelos investidores do setor está na casa de R$ 140 por MWh que refere-se à atualização dos valores praticados no ano passado. Quanto ao número de projetos, esse já era esperado porque refere-se aos projetos em carteira que o país possui. Agora, disse a executiva, temos que esperar as próximas fases do certame, principalmente na questão do preço teto.
“Apenas o cadastramento não é uma boa base para se analisar, mas além da eólica, o LER desse ano será diferente porque teremos duas fontes novas o que é bastante positivo para o setor elétrico como um todo”, considerou.
De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), Rodrigo Sauaia, os quase 10,8 GW também não foram uma surpresa. Mas, ele pondera que, apesar de quase o dobro de cadastramento em capacidade instalada diante do leilão A-5 do ano passado, é preciso ver ainda quantos projetos efetivamente serão habilitados. Essa etapa do processo e a efetiva participação da fonte no certame estará diretamente ligado ao preço teto, que em um primeiro momento deveria se situar entre R$ 250 e R$ 300 por MWh para que exista competitividade e se chegue ao preço da energia nessa primeira oportunidade.
“Como esse é o primeiro leilão é difícil de prever quantos irão participar. Quando tivermos a noção de preço teto é que conseguiremos entender e a expectativa de contratação, se será de 500 MW a 1 GW”, disse Sauaia. “Se for os 500 MW já representará uma quebra de paradigma no setor elétrico, pois representa 12 vezes o que já temos em toda a história do setor em termos de energia solar fotovoltaica”, acrescentou.