PDE 2021: fontes alternativas receberão R$ 82,1 bi em investimentos e terão 19,8% da capacidade instalada

September 26, 2012 | Categoria: Energy

Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia, Planejamento e Expansão 

As fontes alternativas - eólicas, PCHs e biomassa - receberão investimentos de R$ 82,1 bilhões entre 2011 e 2021, segundo o Plano Decenal 2021 que está em consulta pública. O montante responde por 38% de todo o investimento a ser feito na expansão da geração, que totaliza R$ 213 bilhões. O plano mostra ainda que os investimentos em usinas de fontes alternativas já contratadas e autorizadas soma R$ 33,3 bilhões, enquanto os R$ 48,8 bilhões restantes serão aportados em usinas planejadas.

O PDE 2021 aponta que as eólicas, biomassa e PCHs sairão de uma capacidade instalada de 13.713 MW (11,8%) em 2011 para 36.115 MW (19,8%) em 2021, perdendo apenas para as hidrelétricas, que terão 116.837 MW (64,1%). Dessa expansão, já foram contratados 9.152 MW, enquanto 13.250 MW correspondem a expansão planejada. A expansão média anual dessas fontes é de 10%, com destaque para as usinas eólicas. A região Sudeste/Centro-Oeste, ainda de acordo com o PDE 2021, mantém a maior participação dessas fontes ao longo do horizonte de tempo do estudo. "As fontes renováveis passam a ter uma representatividade em torno de 20% da matriz elétrica e isso é um ponto interessante, demonstra a visão de grande investimento no que compete às fontes limpas", avaliou Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração Limpa.

A geração eólica é a fonte que mais cresceu no país em participação nos leilões desde 2009. As contratações dos últimos anos demonstraram que as eólicas atingiram preços bastante competitivos e impulsionaram a instalação de uma indústria nacional de equipamentos para atendimento a esse mercado. Élbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, destacou que a participação somente da fonte na matriz chegará a 9% em 2021, com 16 GW. Em 2011, a participação era de 1% com 1 GW. De acordo com ela, o plano reflete bem o que vem acontecendo com a fonte. "O PDE constatou o que vem sendo feito e o crescimento da fonte na matriz. Estamos na fase de consolidação da eólica no país", declarou a executiva.

Élbia comentou ainda que a eólica teve uma trajetória tecnológica muito grande, como mencionado no plano, e que isso foi um dos fatores que levou a fonte a ser uma das mais competitivas, perdendo apenas para as hidrelétricas. "Quando comparada com a biomassa e as PCHs, a eólica é a mais competitiva e isso vem sendo demonstrado nos leilões", analisou. Em 2021, a participação da biomassa será de 7%, com 13 GW, e das PCHs, de 4%, com 7 GW instalados. O PDE aponta ainda que atualmente, há um portfólio de projetos eólicos habilitados tecnicamente pela Empresa de Pesquisa Energética de cerca de 600 empreendimentos cuja potência total supera 16 mil MW. Destes, 450 projetos localizam-se no Nordeste, que totalizam cerca de 12 mil MW, e 150 projetos no Sul, com cerca de 4,3 mil MW.

Ao contrários das eólicas, ainda segundo o plano, as PCHs observaram trajetória decrescente de competitividade nos leilões desde 2009. Sendo uma tecnologia bastante madura, não se manteve competitiva diante das significativas reduções do preço da energia eólica. Para Lenzi, as PCHs só não são competitivas em relação às outras fontes renováveis, se for analisado apenas o lado da construção do empreendimento. "Se levarmos em consideração o custo global do sistema, as PCHs por terem uma característica de se localizarem muito próximas ao centro de consumo, não demandam investimentos adicionais, por exemplo, em redes de transmissão", comentou. Segundo ele, se isso fosse levado em consideração, as PCHs seriam sim competitivas.

O PDE 2021 aponta ainda que as questões relacionadas ao processo de licenciamento ambiental apresentam complicadores à viabilização dos projetos da fonte. Em junho de 2012, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica, 563 MW de obras tinham andamento adequado; 983 MW eram de projetos com impedimentos de diversas naturezas; e 991 MW de projetos que sequer dispunham de licença de instalação.

Já para as usinas a biomassa, o potencial técnico de produção para o Sistema Interligado Nacional identificado pelo PDE 2021, considerando apenas o bagaço da cana, deve superar os 10 GW médios até 2021, dos quais cerca de 1,2 GW médio já contratado nos leilões e com início de suprimento até 2016. O potencial desta fonte está localizado principalmente nos estados de SP, GO, MS e PR, portanto próximo dos maiores centros consumidores de energia.

O PDE 2021 menciona ainda a fonte solar, que tem elevado potencial no território brasileiro para conversão em energia elétrica, com irradiação global média anual entre 1.200 e 2.400 kWh/m²/ano. Apesar do grande potencial, os custos atuais desta tecnologia são muito elevados e não permitem sua utilização em volume significativo, principalmente, no que se refere às centrais solares fotovoltaicas. Para a geração distribuída, o custo já alcançou a paridade com as tarifas na rede de distribuição em algumas áreas de concessão.